10.5.15

em perspectiva #1

   Aqui há uns tempos lembro-me de ter lido um artigo no Archdaily que me chamou à atenção. Enquanto estudante de Arquitectura, a palavra noitada ou directa é bem mais conhecida do que o que gostaria. Muitas são as vezes em que se sucedem entregas e tenho tanto trabalho acumulado que a única opção é mesmo sacrificar algumas horas de sono para que na manhã seguinte tudo esteja pronto para apresentar. Se as matérias da saúde desaconselham de todo as noites incompletas e falam das atrocidades que uma directa pode fazer ao organismo, esta matéria é quase uma banalidade entre o meio. Os próprios professores conhecem bem esta realidade; muitos incitando com todo o trabalho pedido as mesmas.

  Se as noitadas são necessárias? Depende. Há quem diga que no curso de 5 anos nunca teve de fazer uma e quem sobreviva delas. Por um lado, elas fazem sentido numa área que vive bastante da criatividade e dos horários de cada estudante. Neste curso conheço pessoas madrugadoras que adoram começar a trabalhar ainda antes do galo cantar e quem não se consiga concentrar verdadeiramente a não ser no silêncio da noite. Alego igualmente que elas podem ser verdadeiras alavancas para as dinâmicas de grupo, pois o espírito que se vive numa sala da faculdade depois das dez da noite é completamente diferente do do dito horário "normal". É sádico afirmar que o espírito de sacrifício por uma mesma causa é um elemento utilizável para a união das pessoas, mas a verdade é que é isto que acaba por acontecer. Outra questão pertinente é perceber até que ponto estas são produtivas. Mais uma vez, depende. Não só da pessoa, como do grupo (se este existe), como do intuito do trabalho.

  Contudo, vejo as noitadas como um recurso in extremis. Portanto, tal como no artigo, pergunto-me até que ponto faz sentido alimentar esta dinâmica continua de largas horas de trabalho seguidas? Até que ponto nos tornamos mais produtivos com o aumentar das mesmas? Tudo questões pertinentes para os alunos que mais querem ser mestres da produtividade e descobrir os seus truques: os alunos de Arquitectura.

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