7.6.15

especial exames #1

 
Numa fase em que todas as horas são poucas para entregar mil um pormenores construtivos, acabar o último piso de uma maquete e ainda estudar para um qualquer exame teórico, deixo algumas dicas, que a mim, pessoa stressada e preocupadinha, me ajudam a organizar e terminar o período de exames sem sofrer um ataque de nervos.

1. dormir Eu sei que esta é a época rainha para cortar no sono de princesa, mas há que fazer um esforço por manter noites bem dormidas. Nada de espairecer a cabeça na Internet ao fim de um serão de trabalho. Nada paga uma cabeça fresquinha e descansada na manhã seguinte para tornar ao ataque!

2. relaxar Outra que vos deixa a pensar se eu não estarei mesmo ensandecida. Contudo, por experiência própria, sou mais produtiva quando faço pausas entre trabalho. Também conta trocar de tarefa: ora agora estudo um bocado de Estruturas ora agora faço uns desenhos para entregar. Estímulos diferentes ajudam o cérebro a manter-se acordado e a responder aos diferentes desafios.

3. arrumar A tendência para um quarto virar lixeira nos dias antes da entrega final de Projecto é bastante elevada para a maioria dos estudantes de Arquitectura que conheço. A arrumação do quarto por mais chata e perda de tempo que possa parecer deve ser feita para não se estender para fora de limites próximos do muito mau. Pensem comigo: preferem desesperar a fazer uma noitada num quarto organizado e inspirador ou chorar baba e ranho por ter pisado uma maquete no meio da confusão?

4. exercitar O exercício físico é a última coisa em que costumo pensar nestas alturas, mas este ano será diferente. Deixei já a mensalidade de Junho e Julho pagas no ginásio para não ter possibilidade de escape. Libertar umas energias e queimar algumas calorias são remédio santo para um resto de dia a bater records de produtividade.

5. agendar Não sou a pessoa mais indicada para falar deste ponto, porque todos os anos começo uma agenda e a meio de Fevereiro ela já está perdida nos confins de uma qualquer mala para só voltar a ser reencontrada nos últimos dias do ano. Façam uma cartolina gigante com as datas mais importantes do vosso período de exames e pequenas metas auto-impostas (maquete a 1:100 até dia x, fazer cortes até às y horas). Dá uma de filme e a motivação é redobrada ao ver uma série de certinhos verdes aparecendo à medida que mais uma tarefa fica concluída.

Bom e com isto termino a minha pausa e volto ao trabalho, que também eu tenho resmas de trabalho à minha espera! Que os vossos projectos estejam sobre o protectorado dos Deuses.

10.5.15

em perspectiva #1

   Aqui há uns tempos lembro-me de ter lido um artigo no Archdaily que me chamou à atenção. Enquanto estudante de Arquitectura, a palavra noitada ou directa é bem mais conhecida do que o que gostaria. Muitas são as vezes em que se sucedem entregas e tenho tanto trabalho acumulado que a única opção é mesmo sacrificar algumas horas de sono para que na manhã seguinte tudo esteja pronto para apresentar. Se as matérias da saúde desaconselham de todo as noites incompletas e falam das atrocidades que uma directa pode fazer ao organismo, esta matéria é quase uma banalidade entre o meio. Os próprios professores conhecem bem esta realidade; muitos incitando com todo o trabalho pedido as mesmas.

  Se as noitadas são necessárias? Depende. Há quem diga que no curso de 5 anos nunca teve de fazer uma e quem sobreviva delas. Por um lado, elas fazem sentido numa área que vive bastante da criatividade e dos horários de cada estudante. Neste curso conheço pessoas madrugadoras que adoram começar a trabalhar ainda antes do galo cantar e quem não se consiga concentrar verdadeiramente a não ser no silêncio da noite. Alego igualmente que elas podem ser verdadeiras alavancas para as dinâmicas de grupo, pois o espírito que se vive numa sala da faculdade depois das dez da noite é completamente diferente do do dito horário "normal". É sádico afirmar que o espírito de sacrifício por uma mesma causa é um elemento utilizável para a união das pessoas, mas a verdade é que é isto que acaba por acontecer. Outra questão pertinente é perceber até que ponto estas são produtivas. Mais uma vez, depende. Não só da pessoa, como do grupo (se este existe), como do intuito do trabalho.

  Contudo, vejo as noitadas como um recurso in extremis. Portanto, tal como no artigo, pergunto-me até que ponto faz sentido alimentar esta dinâmica continua de largas horas de trabalho seguidas? Até que ponto nos tornamos mais produtivos com o aumentar das mesmas? Tudo questões pertinentes para os alunos que mais querem ser mestres da produtividade e descobrir os seus truques: os alunos de Arquitectura.

2.5.15

+projecto #1





1.simplificar Tinha de começar pelo básico "menos é mais". Não vale de nada ter cortes, plantas, alçados, uma infinidade de pormenores e belas perspectivas se eles em vez de "comunicarem" entre si parecem em disputa. Um portefólio tem de ter uma "linguagem comum" em que todas as peças "pertencem" a um todo.

2.ser selectivo com as cores Há que não cair em extremos. Sim, o preto, branco, escala de cinza tradicional tem um ar clean e profissional, deixando brilhar o conteúdo, mas a cor também não é proibida desde que usada com a devida parcimónia. Nada como uma bela aguarela sépia ou uma caneta pincel para dar vida a uma simples axonometria. Só nada de capas cor-de-rosa cintilante ou grandes frases chavão de star architects a marcador preto.

3.manter um fio condutor Mais do que a escolha das cores e das peças a incluir, é fundamental manter uma imagem comum do início ao fim. Caso contrário, torna-se mais difícil para alguém exterior perceber a evolução e totalidade do trabalho apresentado.



(Esquisso para o projecto das Residências de Estudantes do Politécnico de Coimbra (R3)- Gonçalo Afonso Dias FONTE + Esquisso para Temporary Auditorium in L'Aquila Italy - Renzo Piano Arches FONTE)


4.não viver só de montagens 3D Muitos professores comentam a facilidade com que alguns alunos fazem belas imagens a computador, lembrando a lacuna dos "novos" arquitectos no desenho manual. O meio-termo é o mais indicado. Incluir tanto montagens como simples esquemas feitos à mão mostra não só versatilidade como também permite beneficiar dos aspectos positivos tanto do rigor do computador como da expressividade do desenho.

5.deixar que as imagens falem por si Um portefolio deve ser 90% imagens e 10% pequenas anotações (em caligrafia cuidada!). Sabemos que atingimos a perfeição quando alguém compreende o âmbito do nosso projecto só de olhar para os desenhos, sem termos de dizer uma única palavra.

6.manter um ar profissional Desde o básico manter os esquissos limpos até à escolha dos materiais e do layout das páginas existem muitos detalhes em que pensar e que fazem toda a diferença. Nunca subestimar o potencial de um portefólio cuidado. O truque é pensar no professor como um hipotético cliente: ninguém escolheria um projecto com um portefólio cheio de manchas de café ou com todas as cores do arco-íris.


Fernando Távora, Escola de Arquitectura da Universidade do Minho, Esquissos da Sala de Desenho, s.d., s.e, A4 FIMS/ FT/ 0194 A - pd 0002. Cortesia da Fundação da Cidade de Guimarães. archisketchbook - architecture-sketchbook, a pool of architecture drawings, models and ideas - Architectural Drawings by Daniel Libeskind at...

(Fernando Távora, Escola de Arquitectura da Universidade do Minho, Esquissos da Sala de Desenho, s.d., s.e, A4 FIMS/ FT/ 0194 A – pd 0002. Cortesia da Fundação da Cidade de Guimarães e Família de Fernando Távora FONTE +  Desenho de Daniel Libeskind FONTE)


7.observar outros exemplos Ás vezes, não sabemos qual a melhor forma de compor uma página. Não tem nada de mal. Pedir opinião àquele colega que tem um portefólio imaculado é uma opção ou então a internet está cheia de exemplos de grandes arquitectos que podem servir como inspiração. 

8.deixar um cunho pessoal Seja na cor escolhida, no tipo de letra ou na maneira de desenhar. É importante deixar um cunho pessoal, onde pequenos detalhes se vão mantendo de projecto para projecto construindo a nossa identidade aquando futuros arquitectos.

9.incluir trabalho de bastidores Todos queremos entregar um trabalho bonito no dia do exame, mas o portefólio não deve parecer um trabalho final. Nada de ter vergonha das pequenas dúvidas anotadas nas margens das folhas ou dos primeiros esquissos riscados em fase de brainstorming.

10.manter uma numeração Arranjar uma numeração ou organização entre as páginas facilita não só a consulta como também a nossa organização enquanto o estamos a desenvolver. É costume apresentar as páginas mais antigas no final e as mais recentes serem as primeiras a figurar mal se vira a capa.